Desde que comecei a me interessar por finanças pessoais, uma coisa sempre me preocupou: como eu vou me sustentar no futuro, quando parar de trabalhar? A ideia de depender unicamente do INSS nunca me pareceu segura — nem suficiente. Foi aí que comecei a pesquisar alternativas e descobri um caminho que mudou totalmente minha forma de pensar sobre aposentadoria: investir em ações como uma forma de construir minha própria previdência privada.
Quero compartilhar aqui como tem sido esse processo, os aprendizados que tive ao longo do caminho e por que acredito que, sim, é totalmente possível usar a bolsa de valores como um plano pessoal para garantir um futuro tranquilo.
A primeira dúvida: é mesmo seguro investir em ações para a aposentadoria?
Eu sei o que você deve estar pensando: “Mas ações não são arriscadas demais?”
Essa foi exatamente a minha primeira dúvida também. Sempre ouvi que ações eram coisa de gente rica ou muito experiente no mercado. Mas quanto mais eu estudava, mais eu percebia que o risco não está em investir em ações, mas sim em não entender o que está fazendo.
A verdade é que, quando o objetivo é o longo prazo — como é o caso de quem quer montar uma aposentadoria — os riscos são bem menores do que parecem, principalmente se você souber escolher boas empresas e tiver disciplina nos aportes. E mais importante: não entrar em pânico com as oscilações do mercado.
Entendendo que previdência é sinônimo de renda
Foi nessa época que caiu a ficha pra mim: o que eu precisava mesmo não era só juntar dinheiro, e sim construir uma fonte de renda constante para o futuro. E aí entra uma das maiores vantagens de investir em ações pensando em aposentadoria: os dividendos.
Quando você investe em ações de boas empresas, especialmente aquelas que têm histórico de pagar dividendos regularmente, você está basicamente criando uma renda passiva. Imagine só: todos os meses (ou trimestres), receber um dinheiro só por ser sócio de uma empresa. Parece bom demais, né? E é real.
Começando com pouco: meu primeiro investimento
Pra ser sincero, eu comecei com pouco. Meus primeiros aportes foram de R$ 200 por mês. Escolhi empresas sólidas, com histórico de pagamento de dividendos, e fui aprendendo aos poucos. No começo, os rendimentos eram pequenos, claro. Mas eu tinha um plano: reinvestir tudo e manter os aportes mensais constantes.
Esse hábito virou uma rotina. E quando você olha para o longo prazo, esse tipo de constância faz toda a diferença. É a famosa força dos juros compostos trabalhando a seu favor.
Como escolho as ações pensando no futuro
Eu não sou analista de investimentos, mas aprendi a olhar para alguns critérios que me ajudam a escolher boas empresas para o meu objetivo de aposentadoria:
Empresas com histórico de lucros consistentes
Aquelas que pagam dividendos com regularidade
Setores mais estáveis, que costumam resistir bem a crises
Empresas com governança corporativa sólida
Hoje, minha carteira tem uma boa mistura de bancos, empresas do setor elétrico, saneamento e algumas do setor de consumo. São setores que, historicamente, costumam ser mais previsíveis e que distribuem lucros regularmente.
E o medo das crises? Eu também tive.
Uma coisa que a gente precisa aceitar quando investe em ações é que o mercado é volátil. Vão ter dias (e anos) em que tudo parece estar desmoronando. Passei por isso em 2020, durante a pandemia. Vi meu patrimônio cair quase 30% em questão de semanas.
Mas sabe o que me ajudou? Ter clareza do meu objetivo.
Eu não invisto para ganhar dinheiro rápido. Meu foco é o longo prazo. E, com o tempo, o mercado se recupera — como sempre aconteceu. O importante é continuar investindo, especialmente quando tudo está barato.
Reinvestindo os dividendos: a mágica acontecendo
Talvez o ponto mais poderoso dessa estratégia seja o reinvestimento dos dividendos. Toda vez que recebo esses valores, eu compro mais ações das mesmas empresas, ou aproveito para diversificar com outras que estejam em bons preços.
É aí que a bola de neve começa a crescer de verdade. Quanto mais ações eu tenho, mais dividendos recebo. E quanto mais dividendos eu recebo, mais ações posso comprar. É um ciclo virtuoso.
Quando planejo me aposentar?
Eu não tenho uma idade fixa em mente, mas sim uma meta de renda mensal que quero atingir com os dividendos. Minha meta inicial é chegar a R$ 5.000 por mês só com rendimentos da bolsa. Quando bater isso, posso considerar que conquistei minha aposentadoria financeira.
Mas o mais legal é que esse caminho já me trouxe paz. Mesmo ainda longe da meta, saber que estou construindo algo sólido, com disciplina e consciência, me faz dormir mais tranquilo.
Misturando ações com outras estratégias
Apesar de amar investir em ações, eu também entendi a importância da diversificação. Tenho uma parte dos meus investimentos em renda fixa, como Tesouro IPCA, que serve como uma “garantia extra” para o futuro. Também guardo uma reserva de emergência em um fundo de liquidez diária.
Isso me dá liberdade para continuar investindo em ações com mais tranquilidade, sabendo que se precisar de dinheiro rápido, já tenho onde recorrer.
Não sou especialista, mas sou dedicado
Eu não sou economista, nem trabalho no mercado financeiro. Tudo que aprendi veio de livros, vídeos no YouTube, fóruns e, principalmente, da prática. Comecei pequeno, fui testando, ajustando, errando e aprendendo.
Hoje, posso dizer com confiança que construir minha própria previdência com ações foi uma das melhores decisões da minha vida.
O que eu diria pra quem está começando agora
Se você está começando agora e se sente meio perdido, meu conselho é: comece, mesmo que com pouco. Não espere ter muito dinheiro para investir. Comece com o que tem e foque em aprender. A disciplina vale mais do que o valor investido.
E o mais importante: invista pensando em longo prazo. O dinheiro que você coloca hoje vai trabalhar para você no futuro. Cuide bem dele.