Se você, assim como eu, gosta da ideia de receber uma renda passiva através de dividendos, provavelmente já considerou investir na Petrobras. Afinal, a estatal tem se destacado como uma das maiores pagadoras de dividendos do Brasil nos últimos anos. Mas será que isso vai durar? Será que os dividendos da Petrobras são realmente sustentáveis no longo prazo?
Essas foram algumas das perguntas que me fiz antes de investir, e hoje quero compartilhar minha análise sobre o tema. Vamos juntos entender os fatores que influenciam esses pagamentos e quais são as perspectivas para o futuro. E como eu estou vendo as mudanças nas políticas de preços da estatal devido a interferências políticas.
O Que Faz os Dividendos Serem Sustentáveis?
Antes de qualquer coisa, é importante entender que uma empresa só consegue manter o pagamento de dividendos a longo prazo se tiver uma base financeira sólida. Para isso, alguns fatores precisam ser analisados:
- Fluxo de caixa: Se a empresa gera dinheiro de forma consistente, ela tem mais chances de manter os pagamentos.
- Política de dividendos: Algumas empresas têm regras bem definidas para distribuição de lucros.
- Endividamento: Se a dívida da empresa estiver muito alta, o pagamento de dividendos pode ser comprometido.
- Cenário externo: No caso da Petrobras, o preço do petróleo tem um grande impacto nos resultados da empresa.
- Fatores políticos: Como a Petrobras é uma estatal, as decisões do governo podem influenciar a distribuição de dividendos.
Agora que já sabemos o que pode influenciar a sustentabilidade dos dividendos, vamos olhar mais de perto como isso se aplica à Petrobras.
A Petrobras Tem Fluxo de Caixa Suficiente?
Nos últimos anos, a Petrobras vem gerando um fluxo de caixa muito forte, graças à alta do petróleo e a uma gestão mais eficiente. Esse dinheiro extra tem permitido a empresa distribuir dividendos bem generosos.
Porém, sabemos que o setor de petróleo é cíclico. Se os preços do barril caírem, a empresa pode ter menos lucro e, consequentemente, pagar menos dividendos. Ou seja, a sustentabilidade desse pagamento está muito atrelada ao mercado internacional.
A Política de Dividendos da Petrobras Ajuda?
Atualmente, a Petrobras tem uma política de dividendos bem clara: ela distribui 45% do fluxo de caixa livre quando sua dívida bruta está abaixo de US$ 65 bilhões. Isso significa que, sempre que a empresa estiver gerando caixa e mantendo a dívida sob controle, os dividendos continuarão sendo pagos.
O problema é que essa política pode mudar. Como a empresa tem participação do governo, se houver uma mudança na gestão que priorize investimentos internos em vez da distribuição de lucros, os dividendos podem diminuir.
A Dívida da Petrobras Pode Ser um Problema?
A Petrobras já teve um histórico de altos níveis de endividamento, mas nos últimos anos conseguiu reduzir bastante sua dívida. Isso foi um dos fatores que possibilitaram o pagamento recorde de dividendos.
Se a empresa continuar administrando bem sua dívida, os acionistas podem ficar tranquilos. Mas se voltar a se endividar demais, pode ser um sinal de alerta para quem depende dos dividendos.
O Preço do Petróleo Pode Impactar os Dividendos?
Esse é um dos pontos mais críticos. Como a Petrobras lucra vendendo petróleo e derivados, o preço da commodity tem um impacto direto nos seus resultados. Quando o petróleo sobe, os lucros aumentam e os dividendos também. Quando cai, a situação se inverte.
Ou seja, mesmo que a empresa esteja bem administrada, se o mercado de petróleo entrar em baixa, a distribuição de dividendos pode ser afetada.
O Governo Pode Interferir Nos Dividendos da Petrobras?
Para mim essa é a famosa pergunta de um milhão de dólares, pois como dizem aqui no Brasil, até o passado é incerto em nosso país. No governo anterior, fiquei muito animado quando criaram as leis das estatais, dando poder e autonomia a várias empresas que tem a mão do governo como controlador, justamente porque protegiam a todos os acionistas minoritários como eu, porém bastaram alguns dias de novo governo para tudo mudar, inclusive a política de preços da empresa, que praticamente perdeu a paridade com o mercado internacional, que pode ser um grande risco.
Essa é uma preocupação legítima, já que a Petrobras é uma empresa controlada pelo governo. Mudanças políticas podem levar a decisões que priorizem investimentos em infraestrutura e projetos sociais, o que pode reduzir os dividendos pagos aos acionistas.
Isso já aconteceu no passado e pode voltar a acontecer no futuro, especialmente se o governo decidir mudar a estratégia da empresa, como já estou vendo acontecer desde o início do governo do PT, onde infelizmente se usa o preço dos combustíveis para fins eleitoreiros e também interferem no preço dos alimentos e praticamente todas as cadeias de consumo do país, uma vez que nossos fretes são predominantemente por modal rodoviário.
Então, Os Dividendos da Petrobras São Sustentáveis?
A resposta curta é: depende. Hoje, os dividendos da Petrobrás estão bem altos e tem um fluxo de caixa forte para sustentar esses pagamentos. Mas o futuro é incerto.
Se a empresa continuar administrando bem sua dívida, mantendo uma política de dividendos clara e o preço do petróleo se manter favorável, os dividendos podem continuar sendo atrativos.
Por outro lado, mudanças na política da empresa, quedas no preço do petróleo ou uma nova abordagem do governo podem afetar essa distribuição.
Minha Opinião
Se você quer investir na Petrobras apenas pelos dividendos, minha sugestão é ficar atento a esses fatores e acompanhar de perto as decisões da empresa e do governo. Diversificar sua carteira com outras ações que também pagam bons dividendos pode ser uma estratégia interessante para reduzir os riscos.
Eu, pessoalmente, gosto de ter a Petrobras na minha carteira, mas sempre com o pé no chão e acompanhando as notícias do setor. Afinal, no mundo dos investimentos, nada é garantido, e o que funciona hoje pode não funcionar amanhã.
No caso da Petrobrás, eu recebe os dividendos dela, porém entra na minha estratégia de Value Invest, ou seja, enquanto o lucro operacional dela estiver sob a minhas métricas, que mostrem que a saúde financeira da empresa baseada em seu lucro operacional estão dentro da faixa que julgo saudável, ela se mantém na minha carteira, fora isso, será substituída, uma vez que historicamente não considero ela uma grande pagadora de dividendos para ter fundamentos suficientes de mante-la em minha carteira de ações para dividendos.
